Não ensinamos o que sabemos.
Ensinamos o que somos.
E qualquer transformação na educação começa na viagem para dentro. Dentro da gente. Dentro do que temos como vida em nós.
A nossa ação no mundo, a ação educativa com as crianças dependem do que temos nos tornado na vida. Nessa vida que nos atravessa, que acontece no presente. Aqui e agora. É a nossa sensibilidade que é capaz de modificar o mundo. É cada livro lido, cada filme, música e pôr do sol. Cada abraço, colo e risada. Cada lágrima, amor e paixão. Cada incerteza e angústia, cada encantamento e arrepio. Isso nos faz o que podemos ser.
A ação educativa é a costura entre o que carrego em mim e o que carregam fora de mim. É o eu, a outra pessoa e o mundo inteiro.
Todo deslocamento promove transformação. O deslocamento reflexivo transforma nossa visão. O deslocamento físico transforma a nossa percepção. Viajar, estudar, aprender são deslocamentos: visão e percepção. Viver a infância é se deslocar. De dentro para fora e de fora para dentro. Nesse sentido, o ser infantil é um viajante: alguém que desbrava com coragem as próprias incertezas. Alguém que se entrega ao inédito com inteireza e aceita o que a vida lhe oferece com gratidão.
Imagine 24 almas infantis chegando num lugar de incertezas. Um lugar que provoca deslocamentos, reflexões e sensibilidade. Essa foi a experiência inédita que a Diálogos proporcionou aos educadores e educadoras que atravessaram mares e terras para chegarem até a experiência de educação mais incrível possível: a que te modifica de corpo e alma.
Bali não ofereceu nota de rodapé, referência teórica, ideias para serem copiadas. Bali nos deu a originalidade do que já praticamos, autoria do que pensamos e engrandecimento do caminho que percorremos. Bali e suas escolas foram convites para pensarmos fora da caixa-bolha das nossas certezas e fazermos uma viagem para os saberes que trazemos conosco.
Ativamos corpo, sabores, mente, olhares, sentidos para termos consciência dos passos que nos trazem todos os dias para o lugar da educação.