Porque somos a soma de muitos inéditos
E sobre que tipo de inédito vamos refletir?
Sobre um programa de televisão ou uma série recém-filmada a ser lançada em breve? Quem sabe sobre um roteiro da viagem que ainda não fizemos, ou sobre uma nova tecnologia que certamente está por vir?
Nós educadores, acostumados e sedentos por livros, tendemos a compreender o “inédito” como aquilo que ainda não foi publicado ou exibido. Por si só, o inédito já é algo bastante atraente aos nossos desejos de novidades, sempre. Sobre este inédito, vamos tratar logo mais.
Antes disso, vamos ao mais fascinante dos inéditos. A criança e suas infâncias!
Cada criança, um inédito…
Mesmo antes que elas possam nos entregar suas novidades e particularidades, desde quando os pais têm ciência de sua existência, ainda no ventre materno, uma enxurrada de sentimentos e sensações novas já nos envolve. Do medo à euforia, das incertezas aos planos. Não importa se se trata do primeiro filho. Tudo é novo.
E não tem mais fim. O estrear do primeiro choro, ainda sob as mãos habilidosas de quem conduz o parto, até o primeiro contato com o seio materno, uma fração de minuto que transforma nossas vidas. Primeiras páginas do livro de uma nova vida.
Assim como nossas impressões digitais, cada ser que nasce é personalíssimo, ainda que gêmeos univitelinos. Estes trazem semelhanças estéticas, mesmo assim suas semelhanças carregam traços de exclusividade.
Esta dicotomia que compõe os seres humanos já norteou uma infinidade de tratados filosóficos. Somos semelhantes e inéditos. Mesmo quando nos sentimos “apenas mais um”, em verdade, somos “aquele um”.
Por este motivo, trabalhar com crianças é uma arte destinada aos sábios. É preciso ter consciência deste caráter de “pessoa única” com que nascemos todos nós. Conhecer, reconhecer e respeitar cada nova experiência vivida pela criança como um direito que ela carrega em si.
A combinação entre nossos sentidos, nossos sentimentos, nossas experiências e inexperiências formam um complexo emaranhado de possibilidades. A cada instante, uma nova vivência se apresenta e então, agimos ou reagimos a partir de uma ou mais combinações, em geral, a daquele exato momento.
Crianças são assim também. Especialmente porque se alimentam dos vários inéditos que a vida lhes apresenta ao longo de seus dias, horas, minutos… Inéditos a produzirem inéditos.
Em cada escola, muitos inéditos…
Para aqueles que vivenciam o cotidiano das escolas, mesmo aquelas onde pouco se oferta de tempo e espaço para experiências novas, cada criança chega com sua “mochila” repleta de possibilidades e impossibilidades.
Escolas são o templo do possível e do impossível. Quando o portão da escola se abre para receber uma criança, ele está abrindo as portas para um mundo de novidades, desde aquelas planejadas e já conhecidas até aquelas que nem nós mesmos podemos antever.
Oferecemos tintas e suportes para as crianças desde sempre, mas jamais vimos resultados iguais, em nenhum tempo e em nenhum lugar do mundo. As produções são igualmente inéditas, ainda que dirigidas.
Assim deve mesmo ser o ambiente escolar. O lugar do novo, do extraordinário, do inesperado e do surpreendente. Aquele nosso desejo por algo inédito deve nos fascinar ainda mais quando nos referimos às feituras da criança. Devemos viver as rotinas das novidades.
Venha conhecer o mundo…
Lembra quando falamos de nossa sede por livros? Pois bem. Sobre este universo fascinante dos bebês, das crianças, das escolas, das experiências vividas por todos, das subjetividades e do brincar, e todos os inéditos vivenciados, a Diálogos Embalados, clube de assinatura destinado a educadores, em mais uma parceria com a Panda Educação, está lançando a obra VENHA CONHECER O MUNDO!
De autoria de Josca Ailine Baroukhe Paula Fontana Fonseca, a obra faz um passeio muito agradável por estas temáticas, com conhecimento e poesia. Seu título é o convite que se faz às crianças quando chegam à escola.
Baseado em estudos de psicanálise e com apoio em várias referências literárias, o livro apresenta reflexões sobre o desenvolvimento infantil sob a ótica das experiências vivenciadas pelas crianças.
Com exemplos de práticas educativas, as autoras nos convidam a pensar sobre como estas práticas podem ser apreendidas pelas crianças, sobre o que é brincar, sobre o papel das famílias, das escolas, das comunidades e todas as relações entre eles, e as experiências que podem ser vividas para experimentar o mundo.