Preservação!
Eis uma das palavras mais emblemáticas e possivelmente a primeira que vem em nossos pensamentos quando escutamos falar em natureza. Muito tem sido feito pela sociedade na busca pela conscientização da preservação do meio ambiente. É justo e necessário.
Especialmente nós os educadores que convivemos, pensamos e respiramos sobre as infâncias, as novas gerações e suas interações com o mundo que as espera. Certamente é uma preocupação legítima, justa e muito importante.
Mas estamos propondo dar um passo adiante, ou melhor, um passo para dentro. Qual é nossa relação com a natureza? Ela se resume à contemplação de uma árvore, uma flor ou um pássaro? É isso?
Quem somos nós neste universo? Uma espécie de seres especialíssimos, cuja importância se resume ao papel de guardião? Repito! Não se trata de minimizar o papel de preservação do meio ambiente. Sigamos protegendo-o. Esta é a responsabilidade por sermos racionais.
O que mais nos falta?
Um corpo constituído de muitos corpos
Podemos olhar a natureza sob inúmeras formas e ângulos diferentes. Observar a olho nu nossas matas e florestas com sua diversidade de flora e fauna. Ou quem sabe utilizar um telescópio para verificar e contemplar uma centelha da imensidão do universo, ou até mesmo por intermédio de um microscópio verificar a mais miúda das formas vivas.
Estas observações sempre nos provocam muito fascínio, quer por sua grandeza, quer por sua complexidade funcional. Mas é fato que os elementos naturais nos causam muito impacto quando nos aproximamos deles.
É este amor à natureza que nos move a regar nossas plantas, a alimentar nossos “pets”, a desejar um banho de mar ou de rio, a contemplar o verde, a regozijar um caminhar descalço, a nos entregar durante horas ao calor de uma fogueira. A natureza é um banho de cachoeira em nossas almas.
Para que estas sensações sejam disparadas em nós, sequer é necessário que sejamos ativistas da preservação, estudiosos da biodiversidade ou apenas temerosos pelo fim do mundo. Basta que nos aproximemos de qualquer elemento natural para que esta sensação de prazer nos abarque.
Sabe porque?
Pertencimento
Exatamente isso. Nós somos um dos corpos que compõem o infinito corpo da natureza. Somos um dos itens de uma cadeia infindável de renovação e transformação. Cada um de nós é fruto de uma transformação celular e assim terminamos nossa passagem por aqui.
É dessa forma que devemos nos comportar com relação à natureza. Com a proximidade de quem é pertencente a ela, participando dos movimentos de transformação, construção e a partir de nossa inteligência e raciocínio, agir de forma a favorecer a vida como um todo.
Pode parecer complexo o raciocínio, mas efetivamente não é. Nós todos somos natureza não quando aprofundamos em pensamentos filosóficos, mas somos porque pulsamos vida junto com ela. Simples assim.
É só nos entregarmos a esta relação para que a natureza se aproxime de nós, assim como ela faz com a terra que se fecunda, com o ciclo das águas, com a migração dos pássaros, as estações do ano entregando suas frutas e flores. Ela já entrega a nós.
A natureza e as crianças
De forma muito mais espontânea as crianças trazem este desejo de aproximação com a natureza. A capacidade de observação minuciosa que elas possuem é a ferramenta principal desta relação.
Neste ponto, a escola tem papel fundamental. Abrir suas portas para que as crianças saiam ou para que a natureza entre, para com ela (re) estabelecerem contato. A intimidade é quem vai favorecer o estreitamento dos laços de amor e respeito.
A criança é originalmente atraída pelas coisas naturais não só pela imensidão de possibilidades e pela beleza infinita que apresenta, mas muito mais pelo maravilhamento vindo de sua ancestralidade. A criança não se pensa parte, ela se reconhece como tal.
Que tal seguirmos atentos à preservação da natureza como já temos feito, mas acrescentando esta reflexão de preservação das relações íntimas entre os seres humanos e ela? Entregar às nossas crianças o direito de conviver com o que é originalmente seu? Fazer com que elas cresçam desejando preservar por amor verdadeiro, não por regra social?
Como sua escola tem ofertado a natureza?
Não se trata de uma régua para medir o tamanho do quintal, mas de uma atitude para proporcionar a relação íntima.
Como estamos por ai?