Desde aquele momento em nossa história em que os seres humanos desenvolveram a forma escrita de se manifestar, a leitura passou a ser uma das mais importantes ferramentas de registro, comunicação e eternização de nossa história.
No início dos tempos, a leitura e a escrita eram destinadas a poucos, em geral, poderosos e sábios. Ao longo dos anos a leitura e a escrita (sempre unidas) foram se incorporando às nossas civilizações de forma mais abrangente, até se tornar, como hoje, algo imprescindível.
Mas qual o momento exato de nossas vidas que a leitura pode ser incorporada? Especialmente para os bebês, quando devemos começar esta entrega tão rica da leitura? Estas respostas podem ser encontradas em algumas reflexões.
Um exercício de afeto
Faça um pequeno exercício de memória, ou apenas preste atenção em como costumamos agir quando visitamos (ou ganhamos) um bebê recém-nascido. Nós os olhamos com carinho, sorrimos para eles, falamos com eles. Com todos os cuidados necessários, os pegamos no colo, afagamos.
A pureza das crianças nos proporciona um desejo natural de demonstração de afeto. Sabemos, ainda que os bebês estão sempre receptivos aos estímulos e desejamos que recebam o nosso melhor sentimento.
Por este motivo não sentimos nenhum pudor ou receio de demonstrar nossa afeição pelos pequeninos, já que inconscientemente temos a certeza de que não há por parte deles qualquer rejeição ou demonstração de insatisfação.
Este movimento de aproximação com os bebês vai promovendo, ao longo do tempo, um fortalecimento das relações, porque estimulamos seus sentidos e a memória afetiva vai se construindo a partir do reconhecimento de nossa voz, nosso toque, nosso cheiro, etc.
Desta forma, especificamente na construção dos laços afetivos, ler para os bebês é uma excelente oportunidade de registrar-se em suas memórias e construir com eles uma proximidade emocional robusta e duradoura.
O que a leitura contribui para os bebês?
Não se resume apenas na construção de laços afetivos, ainda que já seria motivo mais do que suficiente para adoção desta prática. Existem muitos outros fatores que justificam, e mais do que isso, recomendam a leitura para os bebês.
Ouvir histórias faz com que eles desenvolvam melhor sua capacidade de concentração e atenção. Seus cérebros são capazes de, gradativamente, agregar palavras, expressões, sons e isso favorece a construção de seus vocabulários, de suas falas, suas imaginações e criatividade.
O exercício contínuo também contribui na formação de seu pensamento lógico e na elaboração de suas falas e escritas de forma mais bem elaborada. A intimidade com sua língua nativa também se aperfeiçoa na medida em que se apropria dela.
Esta sólida relação dos bebês com a leitura seguirá apresentando suas funcionalidades no futuro, quando se mostrarem desejosos pela leitura, quando se mostrarem mais afetivos, favorecendo-os em suas relações sociais.
Ao depois, demonstrarão uma compreensão melhor do mundo que os rodeia e estarão mais aptos e preparados para desenvolverem seu espírito crítico.
Qual a melhor estratégia? Como fazer isso?
Não existe uma fórmula específica para proceder a leitura para bebês, nem exatamente qual o melhor momento para dar início. Ao nos conscientizamos de que esta prática abrange a construção de bons sentimentos e uma boa dose de riquezas cognitivas, temos algumas dicas.- Assegure-se de entregar seu afeto e sua atenção. De preferência traga-os ao colo de forma confortável e próxima, de forma com que tenham acesso não apenas à sua voz, mas ao calor de seu corpo. Vale lembrar que o amor está diretamente ligado a este ato.
– Leia de forma tranquila e articule bem as palavras para que elas sejam ouvidas por inteiro.
– Interprete as emoções trazidas no texto. É importante que os bebês tenham contato com suas expressões e suas sensações.
– Certifique-se de permitir que acessem visualmente os livros e suas imagens. Mostre a eles as ilustrações.
– Oferte o acesso aos livros, motive-os a manuseá-los e fale de sua importância.
Uma prática para as famílias e para os educadores
Não pense que esta prática deve ser adotada apenas por um ou outro, ou familiares ou educadores. Ao contrário, todos devemos contribuir na formação afetiva, cognitiva e social dos bebês.
Há de se ter em mente que a soma dessas benesses são capazes de provocar nos adultos uma incrível sensação de bem estar, de entrega, de conquista e de amor. Cientes que somos da contribuição valiosa que entregamos aos bebês.
A busca por um mundo melhor, mais justo e mais humano está ligada diretamente à construção de bons sentimentos, de boas relações, de uma educação de melhor qualidade e de bom convívio entre todos.
Quer experimentar? Já adota esta prática? Divida conosco suas impressões.