“Um outro mundo não só é possível como já está a caminho.
Em um dia calmo, posso ouvir sua respiração.”
Arundhati Roy
Em nossa última reunião do ano de 2018 na escola, cada um dos professores ganhou um livro.
O livro que eu ganhei carrega um nome tão significativo e tão importante que se eu abrisse ele e nas suas 326 páginas estivesse escrito somente o nome do livro, eu ficaria feliz. Tenho certeza que me daria muitos insights a cada dia.
O livro se chama O mundo mais bonito que nossos corações sabem ser possível de Charles Eisenstein. Este livro carrega conhecimentos necessários aos nossos dias e nos convida a ouvir os nossos genuínos propósitos e abrir mão da antiga visão de mundo a fim de poder criar o mais bonito que nossos corações sabem ser possível.
Em um dos parágrafos do capítulo Esperança, refleti as minhas ações diárias enquanto educadora e me fez amenizar a auto cobrança tão presente em mim, Eisensteins diz “Muitas pessoas silenciam a expressão de seus dons por pensarem que devem fazer algo grandioso com eles. Suas próprias ações não são suficientes. É preciso escrever um livro que atinja milhões. E rapidamente isso se transforma em uma competição sobre que ideias serão ouvidas. Isso invalida as pequenas e belas iniciativas da maior parte da humanidade.”
Nas palavras de Eisenstein eu direcionei meu olhar com relação ao que vivo na escola e vejo claramente com as crianças da minha turma e como cada um reage de um jeito mediante a cada coisa que trocamos juntos.
Para poucos não fez sentido a história de inspiração que passei sobre determinada pessoa em uma proposta, para outros fez todo sentido e para uma dupla de meninas da turma, escolheram apresentar aos pais a história inspiradora que levei. Para poucos da turma, não faz sentido parar, sentar, ouvir cada característica de todos os dinossauros que um dos colegas da turma conhece, mas para ele é tão importante que além de sentido, aproxima e estreita a nossa relação, estabelece vínculo e retira todo o receio que tinha do ambiente escolar. Para mim parecia não estar legal a leitura do livro paradidático que estudamos neste semestre, mesmo com as entonações de voz que eu fazia e toda uma representação na fala, eu pensava que era cansativo para eles ouvirem, mas para todos eles era cada vez melhor, mais interessante, mais importante que eu continuasse a leitura.
É assustador a forma que invalidamos as nossas atitudes, auto julgando a proporção delas e esquecendo de que para o outro pode ser a maior representação de afeto, conhecimento ou descoberta.
Tenho olhado e dado mais importância aos pequenos atos que ofereço enquanto educadora e fogueirinhas ficam iluminadas dentro de mim com cada reação que vejo, nitidamente, acontecer. As reações que não vejo e não estão ao meu alcance de enxergar o efeito, sei que são tecidas pelo fio do invisível agora, e presente de diversas formas depois.
EISENSTEIN, Charles. O mundo mais bonito que nossos corações sabem ser possível. 1ª ed. São Paulo: Palas Athena, 2016. 325 p.
Michelle Ristow, é professora de uma escola particular em São Paulo e transformadora de si mesmo.