Ajuste os retrovisores e vamos fazer um pequeno passeio ao passado e revisitar, em memória, as nossas primeiras aulas de volante nas antigas “autoescolas”, ou aos mais recentes “CFC’s” (Centros de Formação de Condutores). Esta pequena viagem ilustrará nossa compreensão sobre uma modalidade de metodologias ativas que se chama “Aprendizagem Mão na Massa”. Ainda que pareça um exemplo bastante simplificado, ele não só ilustra, mas também apresenta sua funcionalidade.
Para conseguirmos nossas carteiras de habilitação, passamos por duas modalidades de aulas: as teóricas e as práticas. Nas primeiras, conhecemos a legislação de trânsito, algumas das principais funcionalidades do veículo, regras gerais, etc. Mas, dirigir mesmo, só quando nos colocamos no banco do motorista e passamos a ter o veículo como parte de nós. A vivência e a experiência trazidas pelo “fazer” é que nos tornam motoristas melhores a cada dia.
Da mesma forma, com o verbo “fazer” sendo conjugado, a Aprendizagem Mão na massa” é uma forma de entregar ao estudante a possibilidade de ultrapassar o conhecimento simples para alcançar o entendimento a partir da própria experiência.
Como funciona a aprendizagem mão na massa?
A aprendizagem “mão na massa” funciona como um catalisador do conhecimento por intermédio do exercício prático, quando proporcionamos às crianças, sejam da educação infantil ou do ensino fundamental, a possibilidade de vivenciar a experimentação e a construção dos seus saberes executando materialmente a teoria que lhe foi apresentada.
A partir do conceito de que a criança deve ser a protagonista do aprendizado, a ideia é fazer com que o saber não seja uma coletânea de assuntos teóricos a serem decorados, mas que ele faça sentido quando for construído e executado na prática. É sentar-se ao banco do motorista.
Sua implementação pode ser gradativa e não importa qual seja o modelo de sua escola. Basta que o planejamento realizado pelos educadores passe a incluir a possibilidade de execução prática de algumas atividades por parte dos estudantes.
Mas vale destacar que não estamos falando daquelas construções de “maquetes” com suas listas predefinidas de materiais, para apresentações em escala reduzida de cidades, vulcões ou o sistema solar. Não que não tenham sua aplicabilidade, mas o conceito de “mão na massa” como metodologia ativa carrega consigo uma maior profundidade. Ele inclui o exercício da criatividade, das possibilidades de experimentar elementos e materiais, concentração e precisa reservar espaço para o “não deu certo”. Até mesmo o erro faz parte da elaboração de saberes.
Quais as vantagens da aprendizagem mão na massa?
Quando permitimos e estimulamos a criança ou o jovem a se aventurarem no exercício prático, estamos entregando a eles o desejado protagonismo e ainda mais: estamos promovendo possibilidades de desenvolvimento de sua criatividade, de sua autonomia, de sua autoconfiança, proatividade, além de favorecer suas habilidades motoras, sensoriais, emocionais e seu espírito coletivo.
Assim como aprendemos a dirigir nossos veículos, com nossos acertos e erros, o exercício da teoria em atividades práticas estabelece um nexo de causa entre o pensamento e a ação, entre unindo o pensar ao fazer, onde a intencionalidade ganha robustez. A compreensão vinda da experiência elucida as temáticas e gera, além de tudo o que já foi dito, uma grata satisfação de sucesso tanto nas crianças por terem alcançado o resultado desejado, como para educadores ao constatarem o encontro entre o ensino e a aprendizagem.
Quais materiais podem ser usados na cultura “mão na massa?
De maneira geral, é sempre aconselhável deixar a criatividade reger a orquestra. Sendo assim, materiais como papelão, plástico, palitos de sorvete, garrafas pet, potes, em geral vindos de separação de lixo reciclável, somados a alguns eletrônicos como: baterias recarregáveis, fios, lâmpadas “led”, garras jacaré e pequenos motores elétricos podem ser excelentes aliados.
Uma dica bastante interessante é um software aberto e gratuito chamado SCRATCH, que permite a montagem de circuitos elétricos simples, por intermédio de comandos programados.
O que vale mesmo é engatar a primeira marcha. A introdução desta inspiração de aprendizagem baseada em projetos necessita de pequenas iniciativas para dar seus primeiros movimentos. Se você deseja ter esta experiência em sua sala de aula, basta incluir em uma de suas atividades (de forma direcionada), práticas com a participação direta, livre e criativa de suas crianças e confirme, na prática, a teoria aqui apresentada.
Quer tentar?
Então… mão na massa!!!