Neste último dia 15 de março, oficialmente, comemoramos o dia da escola. Tantas são as reflexões acerca de nossas ações, nossas posturas e condutas, das inspirações que norteiam as diretrizes de novas e antigas escolas pelo Brasil.
Tantas viagens em busca de propostas que encantem, mas que acima de tudo aproximem e entendam, cada vez, o ensino e a aprendizagem como parceiros, que nos aproximem como educadores e que aproximem as crianças dos saberes, sem afastá-los de suas condições naturais de infância.
Qual a escola que desejamos construir? Qual a escola que habita nossas lembranças? O que mudou e o que ainda está preservado?
Como as escolas surgiram no Brasil?
As escolas desembarcaram no Brasil pelas mãos dos padres Jesuítas pouco tempo depois de nosso descobrimento. Inicialmente, destinava-se à evangelização dos povos originais e sua conversão ao Cristianismo.
Mas para atingirem esta finalidade, era necessário que as crianças (Curumins) fossem alfabetizadas, para facilitação do acesso às escrituras. Desta forma a doutrina cristã seria introduzida gradativamente enquanto que, ao mesmo tempo, a língua Portuguesa ganharia espaço. Nesta época, eram chamadas de “Casas de bê-á-Bá” ou “Confrarias de meninos”.
No século XVII houve a inserção do ensino de outras línguas além da Filosofia, Retórica, possibilitando aos estudantes a possibilidade de cursar o nível superior na Europa. Também foi acrescentado o ensino de ofícios, de forma a gerar mão de obra melhor qualificada para os engenhos de cana especialmente.
Ao longo dos anos muitas transformações surgiram, muitos desafios enfrentados e o movimento de (re) construção de nossa escola segue o ritmo acelerado de nossa evolução como sociedade, nossas modificações culturais, nossos anseios, nossas demandas e impulsionados pelo desafio contínuo de construir um mundo melhor e mais justo.
O que é o dia da escola?
A manutenção desta data no calendário nacional nos conduz a relembrar o papel da escola na construção de nossas vidas pessoais e de nossa coletividade. Pensar e repensar sobre a necessidade de promover melhores oportunidades de forma plural, afastando completamente qualquer forma de diferenciação entre seres.
Ao nos lembrarmos e comemorarmos este dia, que sejamos capazes de nos entregar às necessárias reflexões acerca da importância da escola em nossas vidas, em qualquer das posições que nos encontremos: educadores, pais, familiares, estudantes, e trabalhadores ligados ou não ao ambiente escolar. A escola é o reflexo da própria vida.
A importância do papel social das escolas
Para muito além de cumprir as funções do “BE-á-Bá” que nossas escolas iniciais se propunham, existe outro papel tão ou mais importante do que o simples alfabetizar. Este papel está diretamente ligado à nossa vida em sociedade, onde devem se encontrar e bem conviver todas as pessoas.
A construção de uma sociedade livre e democrática passa pelos corredores de nossas escolas e escorrem pelas palavras e ações de nossos educadores. Graduar estudantes e, de forma concomitante, formar cidadãos.
Não existe outra forma de se erguer um pilar social firme, se não sobre o alicerce estável de uma escola humana, livre e aberta, que acompanhe e absorva a evolução dos tempos, das pessoas e de suas culturas.
Um dos maiores nomes de nossa literatura, “Carlos Drummond de Andrade”, trouxe em palavras nossos sonhos de escola, no poema: “Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças”, e a leitura nos inspira:
“Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é em vocês natural.
Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo. Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse
Não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.
Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.
Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações… pedrinhas… só porcariinhas!… fazendo vocês aprenderem brincando…
Oh! meu Deus!
Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos…
Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo…
Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
cooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.
Que vocês aprendessem
a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça:
Deus que livre vocês
de um professor incompetente.
E para você, qual seria a escola ideal? Compartilhe conosco.