A 6ª edição do relatório Retratos da Leitura no Brasil trouxe um alerta importante: pela primeira vez na série histórica da pesquisa, a proporção de não-leitores no país (53%) superou a de leitores. Em números absolutos, perdemos 6,7 milhões de leitores nos últimos quatro anos. Essa realidade é um chamado para todos os que acreditam no poder transformador da leitura. Na Diálogos, respondemos a esse desafio com iniciativas que vão além de publicar e distribuir livros. Nosso compromisso está na curadoria cuidadosa, na formação continuada de professores e no fortalecimento de comunidades leitoras.

Desde 2018, o Clube de Livros Diálogos Embalados tem sido uma das principais frentes do nosso trabalho. Selecionamos obras que dialogam com a prática pedagógica e ampliam repertórios. Buscamos criar oportunidades para que educadores compreendam teorias, abordagens e metodologias. A partir de 2023, juntamo-nos a um coletivo de educadores que compartilham esse propósito, desenvolvendo trabalhos essenciais para transformar a cultura da leitura no Brasil.

A leitura é construída em companhia – com o livro, com o outro e com a comunidade. Esse princípio orienta os grupos de estudos e o trabalho da Diálogos. Promovemos redes de leitura coletiva, que transformam o ato de ler em um movimento de troca e aprendizado.

Maria Alice Proença e Ana Luiza Proença lideram o Grupo de Estudos sobre Projetos (GEP), com o propósito de formar leitores que ampliem seus olhares sobre a educação e práticas pedagógicas. No grupo, a leitura intencional de obras cuidadosamente selecionadas transforma-se em discussões, reflexões e ações significativas. COM-PAR-TRI-LHAR, como ela gosta de dizer, destaca que o percurso é sempre mais enriquecedor em parceria.

“Ler, reler, rever, transver… o mundo. A leitura é um convite a conjugar verbos que compõem a ação leitora cada vez mais necessária para lidar com as adversidades na contemporaneidade”, reflete Alice.

Carol Braga conduz o Trocando Grifos, um grupo online de leitura compartilhada que oferece uma experiência formativa que vai além do simples ato de ler. Nele, educadoras ampliam repertórios literários, refletem sobre mediação de leitura e compartilham aprendizados. Como Carol afirma: “encantamos quando estamos encantados. Um educador que lê, se (trans)forma e inspira crianças e jovens a criarem uma relação significativa com os livros.”

Fundado por Gil Menslin em 2020, durante a pandemia, o Grupo de estudos Ágora surgiu como uma resposta ao isolamento. Desde então, tornou-se uma comunidade que reúne educadores do Brasil, Chile e Portugal. Em 2025, o Ágora abriu turmas gratuitas para estudar o livro Crianças e Adultos Partilhando Jornadas de Aprendizagem, publicado pela Editora Diálogos Embalados. A iniciativa mobilizou mais de dois mil professores.

Gil compartilha que: “minha própria trajetória como leitora, marcada por desafios como a dislexia, mostrou-me o quanto a leitura pode transformar vidas. Estudar em companhia potencializa essa transformação, criando uma rede de apoio e aprendizado que vai além do individual.”

Outro exemplo marcante é o trabalho do Observatório da Cultura Infantil (OBECI), liderado por Paulo Fochi. Com uma produção rica e consistente, o OBECI tem contribuído para ampliar as reflexões sobre a infância e a prática pedagógica no Brasil. Suas publicações, como Crianças e Adultos Partilhando Jornadas de Aprendizagem e Vida Cotidiana e Microtransições (finalista do Prêmio Jabuti na categoria Educação em 2024), trazem conteúdos profundos que merecem ser lidos e estudados por professores em busca de uma formação continuada de qualidade.

Apoiamos também, com orgulho, o Ledeiras, idealizado e coordenado por Edione Marques e Patrícia Lapot, que reúne educadoras comprometidas com a leitura, a formação continuada e as vivências com diferentes linguagens, especialmente a arte. 

Como descrevem as integrantes: “Nós, do Grupo Ledeiras, temos a certeza que ser professora da Educação Infantil requer dedicação e compromisso com a leitura, a formação e as vivências com diferentes linguagens, especialmente com a arte. Compreendemos que o exercício de ser professora está ligado aos princípios político, ético e estético. O Ledeiras sempre se dedicou à leitura e aos estudos, reunindo professoras para ler, pensar, refletir, analisar, trocar saberes e nos temperar da presença das colegas, aprendendo em companhia, interagindo, dividindo e multiplicando experiências.”

Um novo capítulo: Instituto Emília na Revista Bambini Brasil

A partir da próxima edição da Revista Bambini Brasil (fevereiro), o Instituto Emília, referência em literatura e formação leitora, terá uma coluna fixa intitulada Outros Cânones – Leituras para as Infâncias. Em seu texto inaugural, Ana Carolina Carvalho e Dianne Melo destacam:

“Formar leitores significa envolver toda a comunidade, incluindo as famílias. A escola precisa repensar suas práticas e adotar iniciativas que integrem os diversos atores do processo educativo.”

Essa parceria reforça nosso compromisso em promover a literatura como uma experiência coletiva e transformadora.

Junte-se a Nós

Se queremos transformar o cenário da leitura no Brasil, precisamos agir juntos. Seja como assinante do Clube de Livros Diálogos Embalados, participante de um grupo de estudos ou leitor das nossas publicações, há um espaço para você nessa jornada. Como Maria Alice Proença nos lembra: “vale a pena ler, formar-se leitor e ressignificar o olhar de quem se encanta com as obras e as incorpora à sua ação pessoal e profissional. E você, educador, o que está lendo?”

Por Ana Paula Azevedo