Semana intensa. Encontros com mais de 170 educadoras entre terça e sábado (meninos presentes, me desculpem pela escolha do gênero, mas elas foram maioria). Poder e relevância me foram atribuídos durante os momentos compartilhados através de olhares atentos, escuta aguçada e boas perguntas. O tema proposto ? Nossa formação atual como educadora.

Para mim, cada vez mais, a certeza de que essa formação precisa ser integrada, ir além do teórico, assim como temos pensado com as crianças.
 
Como coordenadora pedagógica o meu desafio pessoal é refletir sobre minha forma de
atuação (afinal, o que é ser coordenadora na instituição que estou ?) e conseguir costurar
os cinco eixos propostos pela instituição – mente, corpo, espírito, outros e mundo – frente o
meu olhar para as professoras, tanto na formação, quanto no dia a dia.

Fácil? Não.
Impossível? Também não. Como disse Fernando Savater, o educador tem a obrigação de
ser otimista. Concordo em gênero, número e grau.

Ao se tratar de educação sou otimista por natureza, acredito demais na potência das crianças e, cada vez mais, no direito delas possuírem um adulto potente por perto também. 

Sentimentos, desejos e paixões tanto quanto intelecto, li isso outro dia em um texto
bárbaro de Carl Rogers. E não é assim que a gente funciona? Tudo junto e misturado?
Cada eixo ocupando o espaço necessário para nos compor conjuntamente? Cabeça,
coração e mãos juntos. 

Educadoras presentes nos encontros, levem consigo nesse semestre que se inicia a
missão de provocar inteligência, encantamento, questionamentos e curiosidade através da abertura de possibilidades. Entendam-se como provocadoras de contextos. Alimentem as suas próprias perguntas com boas leituras, bons filmes, boas peças de teatro, dança,
exposições, amor, troca de ideias, um bom vinho, viagens, escrita, parceria…

Entendam que os meninos e meninas devem ter tempo para ocuparem a cabeça com
pensamentos. Pensamentos elaborados, pensamentos soltos. Pensamentos com vida.
Pensamentos que ensinam e, que ao mesmo tempo, aprendem. Permitam que pensem
sem que vocês antecipem as respostas. Utilizem as perguntas das crianças para que
vocês também aprendam. Façam bom uso das perguntas das crianças.

De tudo o que vivi nessa última semana, duas provocações insistem em martelar a minha
cabeça:

1. Como alimento as minhas perguntas?
2. Qual é o meu papel nessa experiência educativa que escolhi viver?

Para mim, é certo que a mudança deva passar por questionamentos internos. Durmam
com esse barulho diria uma amiga querida que me ajuda, me inspira e me provoca a
repensar a minha prática com frequência. E eu que não sou boba, aproveito as minhas
provocações internas para lhes provocar também! Durmam também com esse barulho!

Olhar para nossa prática e repensá-la através de boas perguntas esse é o desafio.
Que venha o segundo semestre !

No mais, como disse Rubem Alves, deixem saudades nos meninos e meninas ao término
do ano.

* homenagem especial (e mais que merecida) às minhas meninas que voltaram na quarta. “Tamo junto”