CONHEÇA ALGUMAS REFERÊNCIAS DE PEDAGOGIAS ALTERNATIVAS  

Este artigo não carrega consigo nenhuma intenção de traçar juízo de eficácia entre as diferentes opções de pedagogias alternativas, muito menos de apresentar uma receita de sucesso para as escolas ou a educação de nossas crianças.

Ao contrário. A ideia é de pontuar algumas características de cada uma delas e estimular a reflexão de educadores e pais, enriquecendo nosso conhecimento sobre suas visões de infância e aprendizagem para apresentar opções para aqueles que buscam algo novo, que se diferencie do ensino convencional.

A partir da consciência já instalada de que a criança deve ser o centro do processo, se torna cada vez mais relevante a nossa familiarização com as alternativas que busquem cumprir este desafio. 

Desta forma, apresentamos aqui algumas das principais referências em pedagogias alternativas como forma de conhecimento, autoconhecimento e inspiração.   

Pedagogia Waldorf

A pedagogia Waldorf surgiu na Alemanha a partir das idéias do filósofo Rudolf Steiner e adotadas pelos funcionários da fábrica Waldorf-Astoria que manifestaram interesse em oferecer a seus filhos aqueles princípios

Bastante influenciada pelas ciências sociais, pelos conceitos de igualdade de direitos e deveres e de fraternidade, divide seus ciclos de aprendizagem em setênios (ciclos de sete anos), e suas ferramentas de ensino são adaptadas para cada uma delas: De 0 a 7 anos – maturidade escolar
 De 7 a 14 anos – maturidade sexual
 De 14 a 21 anos – maturidade social

Mesmo que visualizada esta divisão temporal, alguns princípios são tratados de forma comum a todos eles, como: integração com a natureza, respeito mútuo, cooperação, educação para o futuro e desenvolvimento integral.

Também são características da pedagogia Waldorf a participação ativa da família, a atenção ao estímulo da criatividade através do brincar livre, da imaginação e fantasia infantis, uso do lúdico, contação de histórias e imitações.

As aulas buscam o respeito pelos talentos e interesses individuais, o contato direto com a natureza e suas ofertas sensoriais, o vínculo com o professor, que acompanha a criança por anos e a limitação do uso de tecnologias, especialmente nos anos iniciais.  

Pedagogia Montessori

Também chamado de método Montessori, nasceu do desejo de uma das primeiras mulheres a se formar em medicina na Itália no século XIX – Maria Montessori – que buscava melhores condições de vida tratamento para crianças internadas em instituições psiquiátricas.

A partir dos excelentes resultados obtidos na Escola Ortofrênica, e de aprofundamentos em Filosofia da Educação, Psicologia Experimental e Antropologia Pedagógica, criou a Casa das Crianças  em 1807, onde pode aplicar integralmente seus conceitos.

Divide os planos de desenvolvimento da criança em 4 ciclos de 6 anos cada e, ainda que Montessori não tenha deixado estabelecida uma lista de princípios, é possível identificar alguns deles que, aparentemente, compõem seu legado: Autoeducação: a partir da constatação de que as crianças aprendem muitas coisas sozinhas, estabelece-se uma condição de absoluta confiança nelas, oferecendo as mais diversas possibilidades de modelos, experimentação, percepção e superação de dificuldades.
 Educação cósmica: favorecer o encanto natural das crianças pelo mundo ao seu redor, baseando-se em perguntas, histórias e pesquisas a partir de suas curiosidades e interesses, alimentando suas percepções de que existe uma ordem na natureza, que tudo é interessante se olhado pelo ângulo correto.
 Educação como ciência: a tomada de decisões de qualquer importância passa necessariamente pela observação da criança em liberdade, adotando alternativas que visem a melhor opção a partir da compreensão das reais necessidades de cada criança. 
 Ambiente preparado: para o melhor aproveitamento da liberdade e desenvolvimento, acredita na importância da preparação dos ambientes para uma oferta rica de nutrientes físicos, emocionais mentais e sociais.
 Adulto preparado: exige-se excelência técnica para o ajuste da aça do adulto, para que não incorra na falta de estímulo para as questões a serem desenvolvidas pela criança, nem excesso de cuidados para que os desafios a serem enfrentados não sejam abreviados.
 Equilíbrio da criança: favorecer a relação entre mente e corpo; vontade e ação. Manter esta relação conduz a criança a uma estabilidade nas ações de concentração, alegria, independência, iniciativa e autodisciplina, prazer pelo esforço e autoconfiança.

Pedagogia de Reggio Emilia

Idealizado por Loris Malaguzzi no período pós-guerra na região do norte da Itália conhecida por Emilia Romana a partir do movimento popular de reconstrução das escolas destruídas. A partir da primeira delas, outras tantas foram construídas na mesma região.

Suas principais características e princípios estão ligados diretamente à concepção de criança, que deve estar necessariamente ocupando a condição de protagonista de suas aprendizagens, a partir da observação atenta de suas múltiplas linguagens. Recomenda-se a leitura de seu poema: As cem linguagens da criança.

Especial atenção ao papel do adulto que deve estar pronto a oferecer materiais e condições de aprendizagem, bem como entregar uma escuta ativa a atenta, em mesmo nível que a criança em favor de sua auto-estima.

Reconhecer opções de aprendizagem em todas as pessoas e ambientes escolares, como cozinheiros, encarregados de limpeza, etc., bem como dos entornos sociais, como praças, bibliotecas e parques.

Favorece robustamente a criatividade unindo a ética e a estética, razão e imaginação na construção do pensamento. Para tanto, utiliza-se da atenção especial aos ambientes, que se modificam ao sabor das ações das crianças e da construção de ateliês onde existe o livre exercício de manifestação da criança e suas possibilidades criativas e inventivas.

Também entrega grande importância à documentação dos processos de aprendizagem de forma completa, garantindo a observação da aprendizagem de cada criança, da sociedade como um todo e da própria ação dos educadores. 

Quer conhecer outras referências pedagógicas alternativas?

 

Existem inúmeras outras referências que merecem nossa atenção, como as escolas rurais, escolas do bosque, educação na Finlândia, o homeschooling, Emmi Pikler, sistema Amara Berri, projetos Rebeca Wild, entre outros.

Em nossos próximos posts, seguiremos apresentando estas opções tão valiosas de pedagogias alternativas. Inscreva-se neste nosso blog para seguir acompanhando.