As memórias, os intervalos, a transição de um estado para o outro, o que ficou para trás, o que se sente e o que ainda virá. Há quem queira controlá-lo, apressá-lo ou fazê-lo voltar. Na sabedoria popular,temos a expressão: “dê tempo ao tempo”. Na música, “tempo rei”, o desejo de transformação.Em diversas civilizações, ele era considerado uma representação de deus. Na mitologia grega, de três formas: khrónos, kairós e Aíôn. O primeiro, o tempo cronológico, fluxo mensurável que dá início e fim. O segundo, o tempo indeterminado. Filho da sorte, personifica o momento oportuno, aquele em que não nos preocupamos com a cronologia, mas permitimos que a sorte flua. É sobre o imprevisto e o inevitável.
A terceira figura grega, Aiôn, adiciona uma camada de profundidade à compreensão do tempo. Evoca a intensidade da vida, um destino não quantificável, uma duração que não está sujeita à numeração. É um olhar para a temporalidade que transcende os limites do quantitativo, é sobre a experiência. Para alguns, é o tempo de Deus, do mistério, do intangível. Aiôn foi muitas vezes descrito como uma criança que brinca, um reino infantil marcado pela intensidade. Essa associação entre tempo e infância sugere que a natureza do tempo aiónico é uma força intensiva, uma dinâmica que ecoa o modo como as crianças experienciam o mundo ao brincar.
É preciso organizar um ritmo na vida cotidiana da escola, considerando a criação de uma noção temporal intimamente ligada ao bem-estar dos bebês e crianças.
Como bem disse o educador Paulo Fochi, esse bem-estar não consiste apenas em criar ambientes lúdicos, com materiais propícios ao desenvolvimento da autonomia, que descentralize a figura do adulto. É preciso desenvolver este ambiente com a gestão do tempo, levando em consideração a organização da jornada das crianças. O planejamento que incide sobre a vida cotidiana é o que ele chama de planejamento de contexto, que gera o bem-estar. Nesta perspectiva, a organização do tempo durante o lanche da tarde, por exemplo, é fundamental para que as crianças possam gerenciar suas escolhas com autonomia. Paulo Fochi enfatiza a importância de dar tempo para que as crianças concluam suas atividades antes de propor outras e destaca a necessidade de planejar as transições, respeitando o tempo individual e coletivo.
Assim, ao darmos tempo ao tempo, não apenas permitimos que as crianças vivenciem suas jornadas com autonomia, mas também reconhecemos a complexidade e a riqueza inerentes a essa dimensão intangível que pode ser vivenciada com suavidade e bem-estar.
Conte pra gente como você lida com o tempo.
Vamos falar mais sobre isso?
Uma resposta para “Como tornar o tempo um aliado na aprendizagem?”
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