Onde está a chave?
Você se lembra da última vez em que falou ou ouviu esta pergunta? Quem nunca perdeu sua chave e se viu absolutamente incapaz de entrar ou sair de algum lugar. Nós, seres humanos, temos em nós a sensação de controle absoluto de nossas vidas, de nossas escolhas, de nossas ações, projetos e execuções. Mas basta que encontremos a impossibilidade de abrir uma gaveta ou uma porta, para nos entregarmos à sensação de impotência. Isso faz com que esta pequena ferramenta milenar ganhe uma enorme importância.
Vamos imaginar a situação extrema, em que a chave perdida tenha caído de seu barco, em alto mar, e ela seria aquela que tranca a porta do armário onde está sua provisão de alimentos… Não há alternativa para a manutenção de sua vida, que não seja o rompimento bruto da porta onde está armazenada sua comida. Pois bem, zelar pela chave é algo que aprendemos desde muito cedo.
Ganhar a chave de casa durante nossa adolescência também demonstra sua significância. Abrir e fechar as portas quando de nossa saída ou chegada marca o momento em que passamos a desfrutar da confiança de nossas pais. Entregar as chaves de nossa casa a alguém é ato de confiança absoluta. Não apenas pela possibilidade de entrar e sair, mas também pela certeza de que a guarda de nossos bens não será comprometida.
Assim também aos casais de namorados. Trocar, entre si, as chaves de suas residências significa não apenas a permissão de entrada e saída de suas casas, mas também em seus ambientes mais íntimos. Permitir o acesso, também, à suas vidas. Implica em fazer do outro sempre “bem-vindo”, a qualquer momento.
As chaves estão entre os segredos e as descobertas, estão entre a prisão e a liberdade, elas separam a confiança do medo, nos permitem escolher entre estar “dentro” ou “fora”.
Por isso é muito importante que conheçamos as chaves de nossas vidas. Estarmos abertos para compreender seus significados também nos exige uma chave. Autoconhecimento. Todas nossas escolhas, durante toda a vida, são a formatação de uma nova chave que nos possibilitarão a abertura de outras novas portas. A cada passo e a cada porta, a decisão de mantê-la aberta ou fechada. Decisão.
A guarda de nossos acúmulos também está entregue às chaves. Nossos bens materiais, residências, documentos, finanças. Proteção.
De qualquer forma, e sem trocadilho, não podemos nos fechar às compreensões do mundo. Temos a obrigação de nos mantermos abertos ao conhecimento, à descoberta, às pequenas alegrias da vida, ao amor. Termos controle de nossas chaves, que a esta altura representam, também, nossos limites. A chave do sucesso pessoal e profissional deve estar em nossas mãos, para que a conheçamos e controlemos.
Onde estão as suas? Estão em suas mãos? Você está de posse do poder de abrir ou fechar suas portas?
Que esta reflexão chegue até você como uma pequena chave que lhe abra o pensamento. Nossa vida é uma sequência de portas que encontramos, ora abertas, ora fechadas. Durante nossa vida temos a obrigação de atravessá-las enquanto decidimos se permanecerão trancadas ou destrancadas. Que estejamos sempre certos nestas escolhas, e que, ao final, nosso grande molho de chaves seja suficientemente grande a formar a grande chave do sucesso de uma vida longa e feliz.
E que nenhum rompimento seja necessário.