Aprender a ler e escrever é um direito de todas as pessoas. Quando um livro se abre e a mensagem é compreendida, abrem-se janelas que vão além da própria informação que está ali. A interpretação pessoal pode abrir mais possibilidades de se ver e se ler o mundo, pode-se criar e desenvolver ideias a partir dali, não existem limites quando falamos das potencialidades da mente humana. No entanto, em um mundo competitivo que busca resultados imediatos, que coleciona troféus, falar de alfabetização é, também falar do tempo. Cada pessoa tem o seu, aprender a ler e a escrever mais cedo não torna um indivíduo melhor ou pior do que o outro.
Em recente conversa que tive com Jo Pareja sobre as linguagens trabalhadas dentro dos ateliês, ela falou sobre a importância das linguagens não verbais, especialmente as artísticas, para o desenvolvimento das crianças. “Se uma criança muito pequena começa a ter experiências de aprender só a ler e a escrever, ela fecha o pensamento criativo porque começa a perceber que existe uma regra. Ela fica presa às convenções e, assim, menos aberta ao novo, às experiências”, disse.
Com o passar dos anos da criança, tendo um repertório mais amplo de outras vivências e experiências, o domínio da palavra escrita torna-se fundamental para enfrentar desafios complexos. A compreensão de informações e a habilidade de tomar decisões são essenciais para abordar questões do mundo de forma mais segura e consciente. No Brasil, infelizmente, principalmente no cenário da rede pública, responsável por grande parte das matrículas na Educação Básica, o cenário ainda enfrenta muitos desafios.
Os dados da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022” revelam que o analfabetismo está em trajetória de queda, o que é um indicativo positivo, mas ainda persistem barreiras para que essa redução alcance todas as faixas etárias e regiões do país. Nota-se que a taxa de analfabetismo é mais alta entre os idosos, indicando a importância de investimentos em políticas de educação desde a infância, proporcionando o acesso à alfabetização ainda na fase inicial da vida.
Além disso, a desigualdade é um fator preocupante, uma vez que a taxa de analfabetismo entre as pessoas pretas ou pardas é duas vezes maior do que entre as pessoas brancas. A disparidade entre as regiões também é notável, com o Nordeste apresentando uma taxa de analfabetismo quatro vezes maior do que o Sudeste. Isso mostra a urgência de ações e investimentos que visem a equidade e o acesso igualitário à educação em todo o território nacional.O país precisa investir em métodos pedagógicos mais eficazes e no aprimoramento do ensino para que os alunos alcancem um nível de proficiência mais satisfatório. É por isso que a formação continuada de professores é tão necessária. Para virar essa chave, precisamos de educadores mais preparados? Claro que sim. Mas políticas públicas devem ser implementadas para combater a desigualdade educacional, proporcionando recursos e infraestrutura adequada para as escolas das regiões mais vulneráveis. Investimentos em formação de professores, materiais didáticos, tecnologia educacional e projetos de inclusão são ações essenciais para garantir que todas as crianças tenham igualdade de oportunidades na educação e na alfabetização. Pedagogos têm um papel fundamental nesse processo, atuando como agentes de transformação e contribuindo para a construção de uma sociedade onde não haja limites dentro do universo de ler e escrever. Nosso “Diálogos Embalados” deste mês de agosto traz uma publicação Inédita: Infâncias e escrita – Produção de textos na escola. Clique aqui e venha fazer parte!
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