Entre escutar e ouvir, olhar e enxergar, há a necessidade de um reconhecimento do outro. Este ato de se fazer presente nesta ação, enriquece a questão da aprendizagem, tanto que difere uma relação apática de uma dialógica. A reciprocidade é algo essencial para qualquer relação.
No ato de ensinar há a necessidade de pelo menos dois movimentos comuns: o de doação e o de busca. Um, buscando trazer o outro a uma experiência que é necessária para o aprendizado, e outro disposto a ser recolhido, reconhecendo novas maneiras de construção de saberes a partir de sua identidade.
Doar-se é uma ação que cria novas perspectivas. Principalmente por se retirar e buscar no outro estratégias para que esta construção de conhecimento se faça presente em sua realidade. Esse recolhimento convida o outro a fazer parte de um diálogo, formando um comum entre os dois, que permite a busca pelo novo a partir de seus saberes e de seu reconhecimento de mundo.
As posições são hierarquias, mas não refletem ao que realmente acontece: ambos aprendem nesta relação.
Sendo professor ou aluno nestas relações que são propostas em sala de aula, conversas e propostas de aprendizagem, os envolvidos se completam pelas duas trocas de experiências presentes nesta situação. Afinal, não é apenas uma transmissão do conhecimento em relação às pessoas: neste ato novas aprendizagens se formam por este “Entre” com diferentes saberes e diferentes experiências.
É então um encontro. Um encontro de corpos que cria um vínculo neste “Entre” educadores e alunos. É o encontro que permite a troca. Nas palavras de Emilia Cipriano, é uma eternização recíproca do outro em si. É um poder de dar as mãos e, em comum, juntos, trocas de experiências, intenções e novas maneiras de enxergar o próprio mundo.
Afetado pelo que o outro representa, o corpo é parte deste fenômeno interativo. Inclinar-se ao outro, ser receptivo e fazer com que o ambiente seja favorável a sua presença apenas acresce ao desempenho, atenção e percepção de ambos nesta relação. A internalização de novos aprendizados então passa a se completar neste “Entre”, criando novas perspectivas, diferentes realizações e obstáculos, com o mesmo intuito: a busca pelo reconhecimento do outro e de novas experiências.