Já parou para pensar que precisamos explorar todos os sentidos que temos? Aprofundar a reflexão sobre a nossa interação com o mundo nos instiga a questionar profundamente o papel da visão em nossa percepção da realidade, especialmente para as pessoas que enxergam. Frequentemente, caímos na armadilha de dar uma ênfase desproporcional ao que nossos olhos podem capturar, inadvertidamente restringindo toda a nossa experiência àquilo que é meramente visível. Pensar em um mundo tendo o foco em um único sentido é uma forma de também não incluir pessoas que possuem outras experiências sensoriais.
É importante lembrar que somos seres dotados de uma rica variedade de sentidos, e cada um desempenha um papel distintivo e vital em nossa relação com o mundo ao nosso redor.
Os filósofos há muito nos instruem que a consciência não pode ser concebida de maneira isolada, desvinculada dos objetos que percebemos. A relação dinâmica entre o sujeito e o objeto é inextricavelmente entrelaçada com nossa compreensão do mundo. Nesse contexto, o corpo humano é o epicentro dessa interação. É através do corpo que experienciamos o espaço e o tempo, e é o corpo que confere significado às nossas percepções. Cada sentido, desde o tato até a audição, desempenha um papel crucial em nosso entendimento da realidade, e é o corpo que atua como o mediador primordial dessa experiência complexa.
Ao transpor essas reflexões para o âmbito da arquitetura, torna-se evidente como a concepção de espaços que se restringem unicamente à percepção visual é não apenas limitada, mas também profundamente redutora. É muito importante que as escolas pensem nisso, estimulando os mais variados sentidos na experiência das crianças.
Reimaginar nossa relação com a arquitetura e o espaço significa reconhecer e celebrar a multidimensionalidade inerente à experiência humana, incluindo aqueles que vivenciam o mundo com diferentes capacidades sensoriais e físicas. Isso implica em conceber ambientes que transcendam a mera visão, e que, em vez disso, incorporem e estimulem todos os nossos sentidos, proporcionando acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência. Essa abordagem mais ampla e inclusiva da arquitetura não apenas enriquece nossa vivência do espaço, mas também abre portas para uma variedade de novas possibilidades estéticas, funcionais e emocionais. Ao privilegiar uma abordagem sensorialmente enriquecida, podemos construir ambientes que não apenas acomodem, mas também nutram e inspirem todas as pessoas, independentemente de suas capacidades físicas ou sensoriais. Este é o cerne de uma arquitetura verdadeiramente humanizada: uma que reconhece e celebra a plenitude sensorial do ser humano, proporcionando espaços que ressoam com a riqueza e a complexidade de nossa experiência perceptiva, promovendo assim a inclusão e a dignidade para todos os indivíduos.
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