Muito se tem discutido sobre a cultura “maker”, e suas possibilidades de utilização na educação infantil e no ensino fundamental. Pois saiba que, não apenas é possível, como também é recomendável sob diversos aspectos.
Como sabemos, a cultura “maker” é uma filosofia de ensino que defende a utilização de situações práticas para a construção dos saberes teóricos, estimulando a criatividade, as potências artísticas, o raciocínio crítico, a socialização, dentre tantas outras vantagens.
Com o educando sendo considerado o protagonista do processo de ensino-aprendizagem, muitas são as escolas que têm optado por incluir esta modalidade em seus cotidianos, e os resultados são surpreendentes.
Mas como podemos trazer para nossas salas de aula as maravilhas da cultura “maker”?
Aqui, elencamos algumas reflexões que podem auxiliar na construção de um ambiente favorável em sua sala de aula ou em sua escola.
Reveja seu projeto político pedagógico
O primeiro passo para a implantação da cultura “maker” é observar e realinhar seu projeto político pedagógico, para que as características fundamentais estejam garantidas. Existe uma modificação nos conceitos de estrutura do cotidiano que merece atenção, e que visa especialmente “o fazer” como forma de aprendizado.
Desta forma, é necessária uma liberdade para a pesquisa, o estabelecimento de tempo suficiente para a construção dos projetos, uma relativização dos erros que por ventura sejam cometidos. Entregar autonomia às crianças e jovens, para que as disciplinas a serem ministradas sejam contempladas durante a execução dos projetos é essencial.
Conhecendo a estrutura de sua escola e as ferramentas de que ela dispõe, seguimos para o próximo passo:
Toda a comunidade escolar precisa estar pronta para o “maker”
Este é um pilar fundamental para se obter o melhor aproveitamento da cultura “maker”. Não apenas o corpo docente precisa estar alinhado aos conceitos. Toda a comunidade escolar precisa conhecer o que está por vir e, dessa forma, aproximar-se das propostas.
É muito comum que projetos se desenvolvam em ambientes diferentes da sala de aula ou dos laboratórios. Sendo assim, refeitório, cozinha, oficina de manutenção, quadras de esporte e todas as pessoas responsáveis por estes ambientes devem estar preparadas para acompanhar e participar dos projetos, contribuindo com seus conhecimentos específicos. Suas próprias pedagogias.
Promova transformações graduais
Tanto para que não haja choques ou conflitos com a equipe, é recomendável que sejam incluídos gradativamente os projetos “maker”, dando oportunidade para que cada educador acompanhe de perto o projeto, ainda que de turma ou matéria diferente. É uma maneira de estimular os professores, aproximá-los com os educandos e com seus colegas desse novo olhar.
Uma sugestão é dar início à cultura “maker” por intermédio das aulas de Artes, Ciências ou Educação física, onde já existe uma aproximação natural com a pesquisa. Com o tempo, a Língua Portuguesa, a Matemática, a História, e todas as outras podem ter espaço para projetos.
Todo o currículo deve estar integrado
Este é um ponto bastante importante. Durante a execução dos projetos, todas as matérias do currículo devem estar integradas. Seja qual for o tema escolhido para desenvolvimento do projeto, o educador que acompanha deve estar atento aos conceitos da Matemática, da Física, da Língua Portuguesa, da Geografia e outras. Este é outro motivo para que o corpo docente e as demais equipes escolares estejam alinhados.
Disponibilização de materiais “maker”
Sempre com os olhos voltados para a sustentabilidade, e desta forma, com a liberdade de utilização dos materiais das mais diversas origens, a disponibilização de materiais não requer investimentos de grande monta, ou maiores dificuldades.
Plástico, papelão, cola, baterias de baixa voltagem, fios, lâmpadas “led”, caixas, e tudo aquilo que a criatividade (objeto principal dos “makers”) sugerir podem e devem ser utilizados. É recomendável a utilização de equipamentos de proteção individual quando do manuseio dos objetos, para que se evitem acidentes.
Reconheça o erro como possibilidade
Pode não parecer fácil, mas é preciso permitir que os “makers” errem. A partir do conceito de aprendizado por intermédio da experimentação, não é bom que antecipemos resultados teóricos. Permitir que a experiência se incorpore como um todo é também autorizar que as crianças concluam que “não deu certo”.
Além de proporcionar aprofundamento nas pesquisas e discussões em busca do que houve de errado, eles se sentem estimulados e muito mais curiosos. Apoie os acertos e os erros também.
O primeiro “maker” deve ser você!
É isso mesmo. Se você tem curiosidade em saber como seria sua sala ou sua escola se a cultura “maker” fosse implantada, você já deu tem o principal objeto e os primeiros passos devem ser os seus.
Leia mais sobre o assunto, converse com seus colegas e com a equipe pedagógica. Escolha uma boa temática e “bora fazer”. Este é o verbo a ser conjugado. Se anima?