Vamos falar um pouco sobre esta relação? Sendo você professora ou coordenadora, muito possivelmente conhece as alegrias e os espinhos que se podem encontrar na construção deste convívio que envolve muitas outras questões, além da hierárquica.
Mas é importante dizer que este artigo não é um manual de conduta para nenhuma dos dois cargos, ele deseja apenas incentivar as reflexões sobre alguns tópicos importantes neste processo.
Nem será preciso criar um tópico com algumas considerações óbvias que se devem aplicar em qualquer modalidade de relacionamento humano como respeito à pessoa humana, cordialidade e empatia.
Lembre-se! É exatamente neste elo da cadeia educacional que se encontram as turbulências entre os projetos e os desejos com a efetividade e a realidade diária. E a forma com que se administra estes desafios pode ser a chave para uma escola muito, muito melhor.
1- Quem está na coordenação?
Uma das mais delicadas situações que se instalam decorre da “promoção” de um professor ao cargo de coordenador. Num momento convivendo com seus pares e compartilhando de seus cotidianos, noutro precisa se colocar em condição hierarquicamente superior.
Ainda que pareça ser muito difícil, a primeira dica que apresentamos também é válida para aqueles coordenadores que “vieram de fora” do quadro da escola. É importante que saibam que uma das principais atribuições do coordenador é a de ser formador de sua equipe.
Sendo assim, dele se espera uma preparação esmerada para conduzir suas funções. Cursos, palestras, literatura especializada, encontros formativos são muito bem vindos. Os seus saberes serão alicerces para o primeiro item da lista: conquistar a confiança e o reconhecimento de sua capacidade por parte da equipe.
2- Administrando professores resistentes às mudanças
As escolas são, ou ao menos deveriam ser, ambientes democráticos. Sendo assim, passíveis de mudanças de estratégias, modelos e condutas. Entretanto, há ocasiões em que as mudanças necessárias se chocam com os pensamentos individuais e podem criar alguns obstáculos. O que fazer?
O mais adequado neste caso nos parece ouvir com atenção aqueles que resistem às novas orientações. Conhecer e compreender os seus motivos pode facilitar os primeiros movimentos deste jogo de xadrez. Evitar o confronto direto e ordens de comando unilaterais não colaboram.
Exponha com clareza e transparência suas razões para que as transformações façam sentido. Assim, as implementações das novidades vão ganhando força de forma gradativa e aos poucos toda a equipe terá a compreensão das intenções propostas.
3- Administrando professores e gestores. O desafio
O coordenador está exatamente na linha entre a direção e o corpo docente. Acreditem, existem muitas ocasiões onde os desejos deles se desencontram por completo. Ora por esbarrarem em possibilidades financeiras, ora por desencontros de ideais.
Também neste caso se espera do coordenador uma atuação mediadora, técnica e prática. Mais uma vez os seus conhecimentos e sua experiência terão papel fundamental no trabalho de conscientização de ambos os interesses.
Vale lembrar que nem todos os gestores possuem conhecimentos pedagógicos mais aprofundados, nem todos os professores têm preparo administrativo específico. O coordenador pode colaborar especialmente na comunicação entre estes dois universos distintos, encontrando os pontos de convergência e consequentemente soluções mais adequadas.
4- A escrita como ferramenta
Além das formas mais convencionais de formação continuada como elencamos anteriormente, é sabido que os registros produzidos por professores e coordenadores também se constituem numa fonte muito rica de reflexões e oportunidades formativas.
Aproximar-se da escrita, seja na produção das suas próprias, seja no acompanhamento das produções dos professores, é uma das mais importantes formas de construir e se beneficiar destes registros.
Todo o processo de construção de conhecimento que se apresentam nos registros contribui no estabelecimento de seus compromissos, na construção da necessária parceria, na distribuição de suas atribuições, no conhecimento e reconhecimento das conquistas, no planejamento das próximas ações e muito fortemente na formação continuada.
Seja nos diários, nos relatórios, nas atas de reuniões, a escrita é uma forma de possibilitar a retomada das ações para identificação dos pontos fortes e também daqueles mais frágeis, que estimulem e possibilitem refletir sobre si mesmos, sobre a construção dos saberes de todos, sobre a escola, sobre a sociedade em que se vive e assim, auxiliar nas decisões para os próximos passos. Escreva.
5- Não se afaste do chão da escola
Por mais que as atividades cotidianas dos coordenadores não estejam ligadas mais às rotinas de sala de aula, não é saudável que eles se afastem dos personagens que ali se encontram. Assim como os professores precisam manter com coordenadores uma conexão de proximidade que podem incluir até mesmo uma necessária intimidade em algum grau, as crianças e jovens devem permanecer sob seus olhos.
O educando é o protagonista desta história e considerá-lo apenas um número não pode ser uma alternativa sequer para o departamento financeiro da instituição. Cada indivíduo é único de detentor de particularidades que não podem ser desprezadas. Neste ponto, a relação de proximidade entre o coordenador e o professor ganha entornos muito especiais.
Neste ponto específico, esta proximidade se torna chave fundamental para que a coordenação encontre objetivo em seus planejamentos, lastro em suas ações e reconhecimento em suas realizações.
Comente abaixo suas impressões, divida conosco suas observações.
Registrando a gente se entende.