A madrugada em Guarulhos se rompe. Entre olhares que beiram o cansaço de um final de semestre, lampejos de expectativa e esperança.
24 educadoras e 1 educador se encontram no terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos. Outras 3 educadoras se juntarão ao grupo em Lima.
Lima é ponto de chegada dos intercâmbios de experiência da Diálogos desde 2015. Mais de 250 educadores já estiveram conosco nessas viagens em busca de ressignificarem o olhar, provocações e busca pelo conhecimento.
Malas prontas, check -in realizado e perguntas. Uma série de perguntas na bagagem. E lá vamos nós…
Dois dias de imersão no colégio “Áleph” e nas escolas “La Casa Amarilla” foram suficientes para disparar a nossa curiosidade e nutrir o nosso desejo por saber (e querer) mais.
Nesses espaços escolares que são entendidos como comunidades de aprendizagem, o cotidiano ganha outra dimensão. O viver em grupo é considerado e os espaços entendidos como educadores.
Espaços que emergem das relações estabelecidas entre crianças e adultos, escuta e observação contínuas, prática, teoria e emoções. A consideração das emoções que evocam das crianças e dos adultos perante os contextos investigativos, merece destaque. É possível enxergar “Dewey”, “Morin” e “Malaguzzi” em cada provocação escolhida pela equipe de docentes. Lindo de viver!
As paredes evidenciam a vida que se vive nesses locais. Os processos coletivos que se alimentam de saberes individuais, o ritmo e a singularidade de cada sujeito envolvido nas ações educativas, o reconhecimento e o lugar de cada um como agente de transformação, o assombro como parte do processo de conhecer. Ah, o assombro!
Assombrados estamos nós ao nos deparamos com um tempo que nos convida ao encontro, ao olhar, a escuta, a pesquisa e, principalmente, ao estar juntos.
Presenciar o “ballet” de corpos e pensamentos entrelaçados entre subgrupos que estudam sobre pântanos, construções suspensas, esculturas aéreas, identidade e cidadania nos engrandece, certamente, após dois dias voltamos outras e outro.
Veronica, professora responsável por uma turma de 4 anos, nos convida (ou seria melhor utilizar o verbo provocar aqui?) a pensarmos sobre continuidade com a seguinte pergunta: COMO SEGUIMOS?
Tal pergunta me afeta. “Como seguimos”, ecoa em meus ouvidos e faz com que eu estenda essa inquietação ao grupo.
Como seguimos as nossas escolhas após termos vivido momentos tão marcantes?
Como seguimos ouvindo as crianças e considerando suas perguntas no dia a dia?
Como seguimos possibilitando que a curiosidade esteja presente em nossos planejamento?
Como seguimos…?
A nossa certeza, após esse intercâmbio de experiências, é a de que devemos, juntos, conjugar o verbo seguir em todos os tempos.