Esta pergunta nos remete a uma reflexão anterior, e uma premissa. Afinal, todos concordamos com o fato de que o educador deve ter papel essencial na aprendizagem, em quaisquer de suas modalidades. Para a aprendizagem criativa, isso não é diferente.
Entretanto, neste modelo criativo de relacionar o ensino à aprendizagem, é necessário que o educador tenha uma melhor compreensão sobre seu papel, sobre suas condutas, posturas e rotinas, que acabarão por resumir sua importância.
O que é a aprendizagem criativa?
A aprendizagem criativa é uma vertente pedagógica que se destaca por inserir os estudantes no centro do aprendizado, fortalecendo sua participação direta na solução de problemas, estimulando o pensamento criativo e crítico, bem como a formação do conhecimento prático.
Este modelo foi desenvolvido pelo professor e pesquisador Mitchel Resnick e pelo educador Seymor Papert e se sustenta sobre 4 pilares: projetos, parcerias, paixão e pensar brincando e compartilhando.
Sustentado por estes pilares, a aprendizagem se concretiza na inovação, na criação, na experimentação, no erro, no acerto e nos debates, de forma a alcançar soluções pelo exercício prático e coletivo.
Quais os principais benefícios da aprendizagem criativa?
Nos tempos em que vivemos, com a avalanche de inovações tecnológicas e a facilidade no compartilhamento da informação, é cada vez mais importante oferecermos possibilidades novas e desafiadoras aos estudantes, que naturalmente já apresentam maior grau de curiosidade, vindo desta mesma oferta robusta de informações. Uma espécie de espiral de aprendizagem.
Com esta aproximação entre as tantas possibilidades de informação e a construção prática e direta de situações-problema e soluções criativas, surge de imediato uma das mais importantes molas propulsoras da aprendizagem criativa: o despertar do interesse.
É a partir deste interesse imediato que nasce nos estudantes que outras importâncias vão agregando valor a esta crescente modalidade. A construção coletiva de soluções que passam pelos debates, a construção do projeto, a experimentação de alternativas, as possibilidades de intercorrências no decorrer das atividades, dos erros eventualmente cometidos e dos acertos desejados.
Cada etapa deste processo estimula sensações e percepções das mais variadas. A necessidade da escuta coletiva, a formação do processamento estratégico, a formação de uma organização estrutural para desenvolvimento das etapas necessárias, construção de pensamento lógico, prático e crítico, eventualmente a administração das frustrações surgidas dos erros, e muito certamente as sensações de prazer advindas do sucesso.
Qual o papel do professor na aprendizagem criativa?
Para adoção das práticas da aprendizagem criativa é necessária uma transformação completa na postura do educador tradicional. Imediatamente para deslocar-se do papel do detentor da informação e das soluções para se posicionar como mediador. Ele passa a agir com mais vigor na estimulação das curiosidades, na organização dos projetos e na mediação dos debates.
Conquanto pareça simples, esta já é uma transformação muito significativa pois transfere o educador para um papel bastante diferente daquele ocupado no centro da aprendizagem. Ele deve passar a compor a equipe e adequar as atividades às necessidades curriculares.
É necessário que o educador desenvolva sua capacidade de trabalhar coletivamente, de mostrar-se disposto ao improviso, mais tolerante aos erros, aberto às inovações e atento a todos os caminhos possíveis, sem perder de vista a administração temporal e programática das atividades.
Esta postura é capaz de desencadear um encantamento pessoal nos estudantes que culminará com a construção de um laço afetivo e mais respeitoso, já que as posturas promovem uma aproximação entre o problema e a solução bem como entre educadores e educandos.
Observemos que existe uma relação muito próxima entre as características e os benefícios de adoção da aprendizagem criativa, e a importância do papel educador criativo. A transformação estrutural necessária para sua implantação passa direta e necessariamente pelo papel e pela importância do educador.
As “exigências” do educador tradicional dão lugar às “oportunidades”; as respostas prontas são substituídas pelas “possibilidades”, a hierarquia sai de cena para a entrada das “ações coletivas”. Tudo a construir um ambiente mais propício às experiências e possibilidades criativas.
E você, já teve oportunidade de conduzir alguma atividade considerada criativa? Compartilhe conosco.