Sobre infância e arte
“Fazer arte”. Em algum momento da história de nossa Língua Portuguesa esta expressão foi criada e passou a habitar nossos cotidianos para definir as crianças mais ativas e espontâneas, e que por consequência demandariam maior atenção nos cuidados.
Fato é que a palavra “arteira” significa “aquele ou aquela que faz arte”. Mas por que acabamos por considerar as crianças denominadas “arteiras” como alguém que precisa ser, de alguma forma, contido ou reprimido?
As crianças, em geral, se aproximam com maior naturalidade das artes e podem provocar algum desconforto por “rabiscarem” nossos móveis ou paredes, por “incorporarem” algum personagem ou mesmo por executarem alguma “performance” um pouco mais barulhenta.
Fácil observar que, de fato, estamos diante de crianças cujas linguagens estejam transbordando artes: plásticas, cênicas, musicais, ou qualquer outra. É preciso que estejamos atentos a elas sim, mas para reconhecer, incentivar e facilitar o tecer de suas artes porque há uma distância muito pequena entre os arteiros e os artistas.
Suportar ou dar suportes?
No exato momento em que reconhecemos que toda criança é arteira, e que sua originalidade pode mesmo a aproximar das expressões artísticas (todas elas), então é necessário que entreguemos a elas suporte.
E na medida em que possuem múltiplas linguagens, proporcionalmente múltiplas serão as possibilidades de fomentação de suas aproximações artísticas. Estas escolhas devem surgir dos contextos e das narrativas que nos são entregues no cotidiano.
Precisamos estar alertas, com nossos olhos e ouvidos abertos para o novo, para as formas inéditas de arte, para as expressões exclusivas vindas de crianças únicas e personalíssimas.
Linguagens da arte: Percursos da docência com crianças
Este é o título do livro que acompanha o kit de assinatura para professores: Diálogos Embalados. Organizado por Suzana Rangel Vieira da Cunha e Rodrigo Saballa de Carvalho e produzido pela Editora Zouk, o livro aborda os temas mais recorrentes e relevantes da relação tão estreita entre “arte”, “infância” e “docência”.
O quanto se pode agregar força e energia nos processos quando se experimenta mais vigor autoral no planejamento e execução das práticas pedagógicas, e as investigações presentes na obra dão lugar a esta ação docente, construindo suas relações.
Nomes como: Leila Monteiro. Liliane Rossato Tebaldi, Lidiane Cristina Loiola Souza, Lucia Maria Salgado dos Santos Lombardi, João Pauo Beliscei, Maria Eduarda Rangel Vieira da Cunha, Mariana Cardoso Prette, entre outros, além dos próprios organizadores, apresentam suas pesquisas e experiências.
Para ter acesso a esta obra, basta se associar ao nosso clube clicando aqui.
Temas envolvendo arte contemporânea, criação artística, corpo, circo, leitura de imagens, dança, música, materialidade dos tecidos, produção de narrativas orais, contação de histórias e mais tantos outros assuntos se fazem presentes na obra “Linguagens da arte: percursos da docência com crianças”.
O conteúdo do livro nos leva a repensar as escolhas que realizamos para aproximar as crianças da Arte e o quanto somos responsáveis por apresentar outras linguagens, outros artistas e, por fim, outras possibilidades de estabelecer relação com o mundo.
Para sair do lugar comum
Se pretendemos nos desvencilhar dos muros que nos limitam, dos conceitos de uma pedagogia burocrática e transmissiva para nos aproximarmos de uma educação mais estética, reconhecendo a arte e sua diversidade como ferramenta de transformação humana, promovendo uma ponte robusta entre o brincar e a arte, esta obra é indispensável.
Seja para enriquecer sua formação como educador, seja para entregar protagonismo às crianças a partir da multiplicidade de suas linguagens, reconhecendo as artes como linguagem, conhecendo melhor os suportes e os meios e para entregar mais cores, movimentos e expressões às infâncias, esta é uma oportunidade ímpar.
Esperamos vocês!!
Crédito de imagens – @semearescolaguarulhos