Solidificando vínculos
Quem são estas pessoas que levantaram pela manhã, executaram uma lista de afazeres pessoas, arrumaram suas crianças e seus pertences e, via de regra, lutaram por uma vaga para estacionar seus carros nas redondezas de nossas escolas, para entregar em nossas mãos aquilo que têm de mais precioso, seus filhos?
Vindos de todos os lados e representantes da pluralidade de nossa sociedade, cada família carrega consigo suas experiências de vida ímpares, suas características sociais, financeiras, étnicas, religiosas, políticas e comportamentais. Um exemplo de diversidade.
Em algum momento de suas vidas, eles escolheram a escola que cuidará dos saberes de suas crianças e, muito possivelmente, a partir de alguns critérios encontrados nas propostas que de alguma forma se encontraram com seus desejos, valores e necessidades.
Agora, nos próximos dias, eles estarão reunidos nas portas de nossas escolas portando, no mesmo colo em que carregam seus pequenos, uma série de sentimentos formados neste caldeirão de complexidades: inseguranças, incertezas, esperança, dúvidas, anseios, além de outras como a preocupação por ter parado em fila dupla ou estar atrasado para o trabalho.
Nestes primeiros contatos de início de ano é que a base da relação família/escola vai se consolidar, e nossos movimentos iniciais é que vão garantir (ou pelo menos contribuir) para a construção de um vínculo mais robusto.
Pensando nisso, separamos para vocês 7 dicas que podem ajudar neste momento tão importante:
1. Aja com segurança e propriedade
Tudo o que lemos e estudamos sobre acolhimento precisa estar à flor de nossa pele e neste momento precisa ser usado em nosso favor. Isso nos dá a segurança e a propriedade necessárias em nossas ações.
Quando passamos a sensação de que “sabemos o que estamos fazendo”, imediatamente os corações das famílias são tomados por uma entrega de confiança. Mas um detalhe precisa ficar muito claro: é preciso que efetivamente saibamos o que fazer, para que a sensação de confiança não seja esvaziada posteriormente.
Conheça com profundidade o modelo adotado em suas escolas na condução desse acolhimento oferecido aos pais para, se necessário, ter condições de elucidar suas dúvidas e questionamentos com clareza e objetividade.
2. Adote as regras gerais de boa convivência
Pode parecer desnecessário dizer isto, mas não é. Cordialidade e boas energias são regras gerais de boa convivência. Este exercício pode se iniciar em nossa vida fora da escola, pela manhã com o porteiro do prédio, o vizinho, no transporte público, não importa.
Construir em torno de nós a cultura da gentileza vai facilitar nosso trânsito pelo mundo e nos entregar mais leveza na condução de nossas vidas. Isso se refletirá na porta das escolas quando estivermos diante das famílias.
3. Seja transparente
Algumas escolas permitem a entrada dos pais e familiares em suas dependências neste período de adaptação das crianças, outras não. De qualquer forma é importante que lhes seja permitido conhecer a rotina que será oferecida às crianças.
Informe-os dos primeiros passos que serão percorridos pelos pequenos quando atravessarem os portões, quem estará com eles. Muito da insegurança das famílias vem do fato de não estarem no controle das situações. Comunicar o que vai acontecer é uma forma de compartilhar com eles o controle das coisas.
4. Prepare bem os espaços
Essa dica está de alguma forma ligada à transparência. Espaços bem preparados para as crianças são colírios aos olhos das famílias. Eles demonstram cuidados e dão os primeiros sinais das propostas a serem oferecidas.
Se possível, espaços onde possam se reunir por alguns minutos com água e café. Isso possibilita que troquem informações entre eles e haja uma construção coletiva de empatia, quando percebem que outros pais também estão na mesma situação.
5. Abra canais de comunicação
Vivemos em tempos digitais e as babás eletrônicas estão a todo vapor entregando sons e imagens das crianças que dormem no quarto ao lado. Algumas escolas dispõem de câmeras ou outros dispositivos desta natureza, outras ainda não.
O mais importante é que seja criado um canal de comunicação direta e imediata com os pais para os assuntos de maior necessidade de interação. Especialmente para os pais de primeira viagem, a comunicação partirá deles para saber se está tudo bem, se a criança parou de chorar, etc.. Este canal é muito importante para dar sustentação à relação de confiança.
6. Pessoalidade e individualidade
Tão importante quanto conhecer sua escola e seus espaços é conhecer cada criança e cada família. Chamá-los pelos seus nomes é uma das primeiras formas de reconhecer suas individualidades.
Com o passar dos dias comentar sobre seus gostos pessoais, algumas de suas características ou detalhe pitoresco demonstra aos familiares que a criança está sendo observada em suas pessoalidades, e isso ultrapassa a importância pedagógica para alcançar outras de caráter comercial: a fidelidade.
7. Encontre realização em seu magistério
Para que qualquer dica seja realmente válida, é necessário que o educador encontre prazer e realização em seu trabalho. Sem este ingrediente, todas as nossas ações parecerão apenas maquiagens.
Nosso desejo é que tanto as escolas quanto os familiares encontrem nos educadores algo a mais do que o mero trabalho, mas que exista neles a satisfação do trabalho regado a amor, entrega, realização e paixão.
Sob nossas mãos, nossos olhos, nossos ouvidos e nossos saberes repousam a riqueza da infância e suas infinitas possibilidades. E sobre elas, a construção de um mundo melhor para todos nós.
Percebem o tamanho disso?